sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Gregório de Matos
(1636-1695 )
Antologia Poética
Biografia
Foi tão tumultuada a vida do poeta baiano que um biógrafo chamou-a de “vida espantosa”.
Como filho de senhor de engenho, Gregório pôde estudar em Portugal,para onde se mudou aos 14 anos de idade. Lá passou 32 anos, prósperos e tranqüilos.
Retornou ao Brasil, em 1682, nomeado para funções na burocracia eclesiástica da Sé da Bahia. Durou pouco no cargo, do qual foi destituído em 1683. Iniciou-se, então, a última fase de sua vida. O casamento com Maria dos Povos, a quem dedicou belíssimos sonetos, não impediu a decadência, social e profissional, do Dr. Gregório. Ficou famoso em suas andanças e pândegas pelos engenhos do Recôncavo.
Mais famosas ainda eram suas sátiras. Talvez por causa delas, foi deportado para Angola, em 1694. Pôde retornar ao Brasil, no ano seguinte, mas para o Recife, onde morreu aos 59 anos de idade.
Gregório de Matos Guerra ficou conhecido na história da literatura como o Boca do Inferno, por causa de suas sátiras e de sua poesia. Mas sendo um autor barroco e, portanto surpreendente e contraditório, esse mesmo Boca do Inferno também disse coisas belíssimas sobre o amor, como nesse soneto que você acabou de ler.
Comentário
Podemos incluir o soneto de Gregório de Matos na tendência conceptista do Barroco, graças ao engenhoso desenvolvimento de uma única imagem, a da mariposa atraída pela chama que deverá matá-la. O sujeito lírico desdobra a comparação entre a sua situação e a da mariposa, explorando as semelhanças, para, na última estrofe, ponto culminante do soneto, estabelecer a grande diferença: seu sacrifício é mais terrível do que o dela, por que inútil.
Nosso poeta baiano merece que lhe dediquemos uma atenção especial.
Para muitos historiadores, ele é o iniciador da literatura brasileira. Mas é interessante observar ar que permaneceu inédito até meados do século XIX. Sua produção poética sobreviveu, até então, em livros manuscritos, colecionada por admiradores. As duas tentativas de publicação completa - por sinal, muito insatisfatórias - ocorreram já no nosso século XX: a edição da Academia Brasileira de Letras, em 6 volumes (1923-1933), e a edição de James Amado, em 7 volumes (1968).
Gregório recebeu influências tanto do Cultismo de Góngora quanto do Conceptismo de Quevedo. Seu espírito profundamente barroco pode ser percebido na contraditória diversidade dos temas que desenvolveu em sua obra:
a. poesia sacra (temática religiosa)
b. lírica amorosa
c. poesia satírica

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